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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

De olho nas estrelas africanas

Os melhores jogadores das ligas nacionais da África já estão reunidos no Sudão para a disputa do Campeonato Africano de Nações (CHAN), que começa no próximo fim de semana. Em sua segunda edição, o torneio teve o número de participantes dobrados, passando de oito para 16.
Ao contrário da tradicional Copa Africana de Nações, o CHAN permite que as seleções sejam formadas apenas por jogadores que atuam em times africanos e, ao que tudo indica, o evento será acompanhado de perto por olheiros do mundo todo. A África vem exportando talentos para os principais campeonatos do globo, fenômeno que contribuiu para a profissionalização e a competitividade dos selecionados do continente. Por isso mesmo, para os atletas que ainda não tiveram a oportunidade de atuar no exterior, o torneio representa a ocasião ideal.
Os favoritos
Entre as principais apostas está a República Democrática do Congo, que venceu a edição inaugural da competição, realizada há dois anos na Costa do Marfim, derrotando Gana por 2 a 0 na decisão. Onze dos 23 jogadores do plantel foram cedidos pelo TP Mazembe, que conquistou as duas últimas Liga dos Campeões da África e que se sagrou bicampeão da Supercopa Africana no sábado passado, consolidando a sua atual hegemonia no futebol africano. A RD do Congo disputará o Grupo C ao lado de Camarões, Costa do Marfim e Mali. Os dois primeiros da chave garantem vaga nas quartas de final.
Gana e Senegal, que ficou com a quarta colocação há dois anos, também são fortes concorrentes. Já a terceira colocada Zâmbia não se classificou para o torneio deste ano, tendo caído diante da África do Sul nas eliminatórias. A preparação dos ganeses está sendo realizada na altitude do Quênia, mas sem a presença do técnico Herbert Addo e de cinco jogadores do Aduana Stars, que estão no Marrocos para um compromisso válido pela Liga dos Campeões.
Talvez os elencos mais organizados venham da Argélia e da Tunísia, cujos campeonatos nacionais são considerados mais equilibrados do que muitos no continente. "Fizemos uma preparação excelente", disse o técnico da equipe argelina, Abdelhak Ben Chikha. "O nosso objetivo é chegar à final. E quando se chega à final, não basta jogar. É preciso vencer."
Correndo por fora
O CHAN também oferece aos treinadores uma oportunidade para observarem e trabalharem mais de perto com talentos em ascensão. O novo técnico de Angola, Lito Vidigal, reuniu a sua seleção no Brasil no último mês, enquanto a equipe sudanesa viajou à Zâmbia para uma série de amistosos com clubes locais. Os anfitriões ambicionam chegar aos mata-matas, mas antes terão de passar por Gabão, Uganda e Argélia no complicado Grupo A.
Para o Gabão, o torneio representa a ocasião ideal para que os jogadores da seleção principal ganhem entrosamento para a próxima edição da Copa Africana de Nações, que será realizada no país em 2012. Para o Zimbábue, que empatou os três jogos que disputou no CHAN há dois anos, a meta do técnico Madinda Ndlovu é sobreviver à fase de grupos. O ex-jogador do selecionado zimbabuano convocou um elenco jovem para testar o potencial dos atletas. "Quando voltarmos do Sudão, ou teremos feito bonito ou teremos lançado a base da futura equipe nacional", explicou Ndlovu. "Também será um indicador do nível do nosso campeonato."
Fique de olho
Dos 11 jogadores do Mazembe à disposição do técnico Santos Mutubile Ditunga, quem deve liderar o setor ofensivo da RD do Congo é Alain Dioko Kaluyituka. O atacante foi um dos artilheiros da última Liga dos Campeões e recentemente concorreu ao prêmio da Confederação Africana de Futebol para o melhor jogador a atuar no continente em 2010. Na outra ponta do gramado, o goleiro Muteba Kidiaba defenderá a meta do seu país com o mesmo entusiasmo que demonstrou sob as traves do atual vice-campeão da Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Além disso, estarão no elenco oito atletas que venceram o CHAN 2009.
Na equipe de Gana, somente um jogador que esteve na Costa do Marfim há dois anos voltará a disputar o torneio: o atacante Stephen Manu, que segue para o futebol tunisiano depois do CHAN. O ataque ganês contará ainda com o promissor quarteto do Chelsea de Berekum formado por Emmanuel Clottey, Bismark Idan, Emmanuel Osei Banahene e Obed Owusu. Já o experiente goleiro Sammy Adjei estará encarregado de dificultar a vida de África do Sul, Zimbábue e Níger no Grupo B.
Ruanda será a sede do CHAN em 2016, mas o técnico Sellas Tetteh quer começar a se preparar desde já. É o que explica a convocação de dois integrantes da seleção ruandesa sub-17, Emery Bayisenge e Faustin Usengimana. Eles carimbaram passaporte para a Copa do Mundo Sub-17 da FIFA no último mês ao garantirem o vice-campeonato continental. Agora, Tetteh espera que a dupla possa ajudar os companheiros mais experientes que enfrentarão Angola, Tunísia e Senegal no Grupo D.