quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quem será o melhor treinador do ano? conheça um pouco dos 3 maiores candidatos segundo a FIFA

José Mourinho

José Mourinho
© Getty Images
Em 2011
Eleito o melhor técnico de 2010, José Mourinho provou que tem credenciais para faturar o prêmio pela segunda vez consecutiva. Na temporada de estreia à frente do Real Madrid, o carismático e polêmico treinador português armou uma forte equipe que não apenas venceu a Copa do Rei (após 18 anos de jejum), como ainda brigou até o fim pelo título espanhol contra um Barcelona (quase) imbatível e chegou às semifinais da Liga dos Campeões da UEFA.
A segunda temporada merengue de Mourinho promete ainda mais, já que a sua estratégia e o seu estilo de jogo estão bem assimilados pelos jogadores, como é possível notar no brilhantismo com que o time evolui em campo.
A carreira
É impossível ser indiferente à figura de José Mourinho: ou se o idolatra, ou se o detesta. Após uma carreira frustrada nos gramados, entre 1980 e 1987, o filho de ex-jogador da seleção de Portugal começou a brilhar no futebol como técnico. Depois da surpreendente conquista da Liga dos Campeões da UEFA com o Porto em 2004, a popularidade de Mourinho não parou de crescer no mundo dos treinadores.
O português começou como tradutor de Bobby Robson no Sporting e rapidamente passou a auxiliar técnico do britânico, a quem acompanhou rumo ao Porto e posteriormente ao Barcelona. Quando Robson deixou a Catalunha, Mourinho permaneceu no clube com o holandês Louis van Gaal. Em 2002, ao ser convidado para assumir o Porto, tinha apenas dois anos de experiência como treinador. Muito criativo, inovador até, e recusando-se a adotar um sistema de jogo rígido, surpreendeu ao conquistar a Copa da UEFA já no ano seguinte.
Mas foi vencendo a Liga dos Campeões em 2004 que Mourinho estarreceu o mundo. Logo após a conquista, foi contratado pelo Chelsea, onde recebeu o apelido de Special One ("O Especial"). As declarações polêmicas do português caíram nas graças da imprensa. Muitas vezes, porém, o técnico ganhou os holofotes para proteger os seus comandados.
Após dois títulos do Campeonato Inglês, uma Copa da Inglaterra e duas Copas da Liga, Mourinho trocou a Terra da Rainha pela Itália em 2008. Na Internazionale, a influência do lusitano não demorou a se fazer sentir. E ele enriqueceu ainda mais o seu currículo, vencendo a Supercopa em 2008 e o Campeonato Italiano em 2009. Mas o melhor ainda estava por vir: a histórica tríplice coroa de 2010, com Série A, Copa da Itália e Liga dos Campeões. O português se tornou o primeiro treinador a alcançar o feito com um time italiano e o terceiro a ganhar a Liga dos Campeões com dois clubes diferentes.

Josep Guardiola

Josep Guardiola
© AFP
Em 2011
Nenhum técnico na história do Barcelona ganhou tanto em tão pouco tempo. Aos 40 anos, Josep Guardiola acumula 12 títulos no comando do seu time do coração, que ele transformou na referência do melhor futebol do mundo. Meticuloso no trabalho e extraordinário motivador dos seus jogadores, o treinador permaneceu fiel ao seu estilo para fazer mais uma dobradinha na temporada passada: Campeonato Espanhol e Liga dos Campeões da UEFA, conquistas tão sofridas quanto brilhantes.
Sofridas pela impressionante qualidade dos seus principais adversários, Real Madrid e Manchester United, e brilhante pela forma como o Barça veio a superá-los. "É o melhor time que vi jogar", definiu Alex Ferguson. O único título que a equipe deixou escapar foi o da Copa do Rei, em final emocionante contra o rival merengue. Após erguer as Supercopas da Espanha e da Europa, o gigante catalão ainda pode faturar a Copa do Mundo de Clubes da FIFA em dezembro.
A carreira
Josep Guardiola sempre teve espírito de liderança. Ao instalá-lo como titular do meio de campo barcelonista em 1991, então com 20 anos, Johan Cruyff foi um dos primeiros a detectar a determinação, a visão de jogo, o toque de bola e o carisma de Pep, como é carinhosamente chamado. Capitão do "dream team" catalão da década de 1990, o ex-meia se transformou em ilustre herdeiro do mestre holandês e do ídolo Carles Rexach.
Como jogador, Guardiola comemorou todos os títulos possíveis em 11 temporadas e 374 jogos com o uniforme azul-grená. Que Guardiola seria técnico era quase evidente. Depois de pendurar as chuteiras em 15 de novembro de 2006, ele foi nomeado treinador da equipe B do Barça em junho do ano seguinte. Foi lá que trabalhou com jogadores como Xavi, Andrés Iniesta e Lionel Messi, entre outros, que se tornariam as referências da segunda versão do "dream team".
Em 8 de maio de 2008, assumiu o cargo de Frank Rijkaard à frente do time principal. Poucos meses mais tarde, conquistou os seis títulos que disputou na temporada — feito inédito na história do futebol. Culto, elegante, respeitoso nas suas declarações, ele é também um verdadeiro defensor da disciplina.
O lema de Guardiola bem que poderia ser esforço, ambição, comprometimento e trabalho. Detratado por jogadores de personalidade forte que não se doam para o coletivo, o espanhol precisou de poucos meses para encantar a todos com um futebol de técnica impecável, velocidade, dedicação e, sobretudo, bom de se ver. Em uma palavra, futebol-arte.

Sir Alex Ferguson

Sir Alex Ferguson
© Getty Images
Em 2011
Depois de ter superado Matt Busby, em dezembro do ano passado, como o técnico com o maior tempo de serviço da história do Manchester United, Alex Ferguson aproveitou 2011 para lembrar a todos exatamente por que alcançou essa inigualável longevidade no cargo.
O ponto alto do ano foi, sem dúvida, a conquista do 19º título inglês dos Diabos Vermelhos, um recorde que transformou em realidade o velho sonho do escocês de 69 anos de destronar o Liverpool do histórico posto de equipe mais vitoriosa da Premier League. O treinador também sofreu decepções, a maior delas na final da Liga dos Campeões da UEFA, com mais uma derrota diante do Barcelona, mas nenhuma suficiente para frear a inegável paixão e a conhecida fome de sucesso desse mestre do futebol.
De fato, a reação de Ferguson após ter sido superado pelo rival catalão foi simplesmente iniciar um novo período de reformulações, substituindo alguns veteranos em fim de contrato por talentos em ascensão como Phil Jones, Ashley Young and David de Gea. Todos eles certamente aprenderão muito sob o comando de um homem que ostenta 37 anos de experiência no banco e reina soberano como o técnico mais bem-sucedido do futebol moderno.
A carreira
O fato de que a Guerra do Vietnã ainda estava em curso quando Ferguson assumiu o seu primeiro trabalho como treinador ilustra bem a competência com que atravessou exitosamente várias eras no futebol. Embora a sua carreira tenha ficado indissociavelmente ligada ao Manchester United, foi no pequeno time do East Stirlingshire, da Escócia, com um salário de 40 libras por semana, que o então novato de 32 anos iniciou a sua trajetória de técnico.
Ferguson teve uma carreira como jogador relativamente bem-sucedida, tendo defendido o Rangers durante um determinado período, mas os seus únicos títulos de liga foram conquistados na segunda divisão, pelos clubes St. Johnstone e Falkirk. Foi como treinador que o ex-atacante despontou no futebol.
Durante a sua breve passagem pelo East Stirlingshire, a média de público nos jogos da equipe triplicou. Em seguida, Ferguson foi contratado pelo St. Mirren, onde também se destacou, ajudando o clube a subir de divisão e montando um excelente time sem gastar um centavo em contratações. Embora uma posterior desavença com a diretoria tenha resultado na única demissão da sua carreira, o treinador retornou ao batente logo no dia seguinte, desta vez para dirigir o Aberdeen.
Essa experiência forneceu o primeiro real vislumbre do espetacular potencial de Ferguson, que não só permitiu ao Aberdeen acabar com a hegemonia da dupla Celtic e Rangers, faturando três títulos da liga escocesa, como, ainda mais impressionante, derrotou o Real Madrid na final da Recopa Europeia de 1983. Combativo, astuto, ambicioso e dono de um comprovado toque de Midas, Ferguson não ficaria muito tempo mais no futebol escocês. Depois de recusar propostas do Rangers, do Arsenal e do Tottenham, entre outros, ele finalmente se transferiu para o Manchester United no dia 6 de novembro de 1986.
Ferguson havia pressentido o potencial desse gigante adormecido. Ainda que o progresso inicial tenha sido lento, o que quase lhe custou o cargo em 1989, o título da Copa da Inglaterra no final daquela temporada inaugurou uma sequência de glórias que se estende até os dias de hoje. Nada menos que 36 troféus de peso passaram pelos portões do Old Trafford desde então, estabelecendo Ferguson como o técnico mais vitorioso da história do futebol britânico. Quando o United demonstrou a sua gratidão ao escocês, em novembro deste ano, batizando a ala norte do seu estádio como "Ala Sir Alex Ferguson", o mítico treinador não pôde disfarçar a emoção.
"Fiquei muito honrado e emocionado quando vi o meu nome naquela arquibancada", disse. "Durar tanto tempo no cargo parece um conto de fadas. Na profissão de técnico, as coisas mudam muito rapidamente. Muitas coisas hoje são diferentes de como eram há sete ou oito anos."
Para a felicidade dos torcedores do Manchester United, pelo menos uma coisa não mudou: a incomparável capacidade de Ferguson de conquistar títulos.