sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ney Franco volta em alta ao Morumbi e revê elenco que o derrubou

Odiado por parte do grupo, técnico pode afundar ainda mais o São Paulo neste sábado e colocar o Vitória de vez na briga por vaga na Libertadores


Por São Paulo
Ney Franco, técnico do Vitória (Foto: Divulgação/EC Vitória)Ney Franco, no Vitória (Foto: Divulgação/EC Vitória)
Ney Franco deve estar rindo à toa com a repentina mudança na carreira. Apontado como o grande responsável pelo fracasso do São Paulo na temporada, o treinador se recuperou e colocou o Vitória bem perto de entrar na zona de classificação para a Libertadores de 2014. Neste sábado, às 21h, no Morumbi, ele reencontra o ex-clube mergulhado na zona do rebaixamento e fica frente a frente com os jogadores que foram determinantes na demissão dele, em julho.
É bem verdade que tinham sido disputadas apenas cinco rodadas, mas o São Paulo era o sexto colocado quando a diretoria optou pela troca de comando. Hoje, depois da passagem de Paulo Autuori e agora com Muricy Ramalho, o time aparece à beira de um colapso com o perigo de cair para a Série B pela primeira vez na história do Campeonato Brasileiro.
Ney Franco tem alguns números a seu favor. Além do inédito título da Copa Sul-Americana, conquistou de forma simbólica o segundo turno do Brasileirão do ano passado. Mesmo com os fracassos recentes, ele acumulou 41 vitórias, 16 empates e 22 derrotas em 79 partidas – 58,6% dos pontos. Os números, aliás, o colocam com enormes chances de conseguir um bom resultado no Morumbi neste fim de semana. Desde que foi contratado pelo Vitória, soma quatro vitórias, três empates e uma derrota. O Rubro-Negro pulou de 13º para quinto na classificação, só quatro pontos atrás do grupo que vai à Libertadores em 2014.
Crises até a demissão
A derrota para o Corinthians no primeiro jogo da decisão da Recopa foi o estopim de uma crise muito maior que os resultados. Depois da conquista da Copa Sul-Americana, Ney fez apostas equivocadas para encontrar o substituto de Lucas, vendido ao PSG, e acabou perdendo força no grupo de jogadores e na diretoria. Os atritos com alguns atletas se evidenciaram, e a demissão ganhou forma a cada rodada.
A primeira polêmica aconteceu ainda em 2012, com ninguém menos que o capitão Rogério Ceni. Em partida contra a LDU de Loja, do Equador, pela Copa Sul-Americana, o goleiro, gesticulando bastante, pediu a entrada de Cícero. O treinador não gostou, colocou Willian José e na entrevista coletiva mandou o recado: “Quem decide sou eu”.
Sem encontrar um time ideal em 2013 e nem receber os reforços que pediu, como Vargas e Montillo, Ney ficou sem controle sobre os atletas. Paulo Henrique Ganso, Lúcio e Fabrício reclamaram publicamente de substituições e reforçaram o ambiente ruim vivido no CT da Barra Funda. O auxiliar Milton Cruz, muito próximo a Ceni, também perdeu força.
Até parte da diretoria se mostrou insatisfeita, como o vice João Paulo de Jesus Lopes, que considerou vergonhosa a atuação na vitória por 2 a 1 sobre o Strongest. Só Adalberto Baptista, ex-diretor de futebol, era a contra a demissão, mas foi voto vencido quando Juvenal Juvêncio decidiu intervir.
rogerio ceni ney franco são paulo x coritiba (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Agência Estado)Ney, Ceni e o ex-diretor Adalberto Baptista, que bancou o técnico (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press)

A boa relação com Adalberto Baptista, aliás, deu muitos poderes ao técnico. Após a eliminação na Libertadores, partiu dele o pedido para afastar Fabrício, Cañete, Wallyson e outros quatro menos badalados, irritando o restante do elenco. Pelas mãos dele, o clube se reforçou também com Silvinho, Roni e Caramelo, novatos com destaque no Paulistão e que não vingaram até agora no Morumbi.
Os jogadores reclamavam da maneira como o técnico trabalhava, principalmente por dar poderes excessivos ao auxiliar Éder Bastos, odiado por parte do grupo por fazer cobranças pesadas. Era ele quem realizava boa parte dos treinamentos, enquanto Ney observava do banco de reservas. Os mais experientes se rebelaram.
Ney disse que Rogério Ceni tem muita influência nas decisões da diretoria. O goleiro rebateu, afirmando que, se fosse assim, teria demitido o técnico muito antes
Alguns atletas relataram também que, seguidas vezes, o treinador fechava as atividades para a imprensa, mas fazia apenas um trabalho recreativo, sem orientações táticas. Outros contaram que o técnico faltava com certa frequência ao trabalho em virtude de compromissos particulares, deixando o treino para o assistente.
Mesmo depois de demitido, Ney ainda se envolveu em polêmica ao dizer que Rogério Ceni tem muita influência nas decisões da diretoria. O goleiro rebateu, afirmando que teria demitido o técnico muito antes caso realmente possuísse tantos poderes.
Com o São Paulo precisando vencer para fugir dos últimos lugares e os problemas vividos com o elenco, os abraços no treinador antes da partida serão raros.
Fonte; globoesporte.com