Psicóloga diz que carga de trabalho de treinadores é mais alta que a média e rítmo elevado pode causar problemas de saúde aos comandantes

A rotina é intensa. Além dos treinamentos diários, eles precisam pensar, muitas vezes de forma solitária, táticas e opções para cada jogo. Durante as partidas ficam à beira do campo, gritam, xingam, caminham de um lado para o outro, sofrem e comemoram. Tudo isso faz com que o coração deles tenha alterações nos batimentos cardíacos. Para a psicóloga Ana Maria Rossi, diretora da Isma-BR, associação sem fins lucrativos voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento do estresse, os treinadores trabalham mais do que devem e por isso, muitas vezes, acabam tendo problemas de saúde.

(Foto: Marcelo Fonseca / Agência estado)
Outra pressão se deve à cultura de alta rotatividade dos clubes brasileiros. Não é comum um técnico ficar muito tempo dirigindo uma determinada equipe por aqui. Até essa rodada, vinte treinadores já foram demitidos ou pediram demissão na Série A. Apenas Marcelo Oliveira (Cruzeiro), Tite (Corinthians), Cuca (Atlético-MG) e Oswaldo de Oliveira (Botafogo) estão no comando de seus clubes desde o início do ano.
- Eu sempre vou para um clube sabendo que vou sair. Pode durar um mês, dois meses, um ano ou dois anos, como aconteceu no Goiás, mas sei que na próxima rodada isso pode acontecer - analisou Enderson Moreira, técnico do Goiás desde 2011.

Vasco e Flamengo, em 2011 (Foto: Reprodução TV)
- É para aquele estresse do quarto, do jogo, passar. Aquilo é para sair do local em que eu estou, mudar um pouco a rotina - contou o técnico da Seleção.
O estresse que pode se transformar em um problema físico não escolhe pessoa e nem idade. Tanto que Ricardo Gomes foi vítima de um AVC aos 46 anos e Oswaldo de Oliveira de uma arritmia cardíaca aos 62. O ritmo de trabalho acelerado pode causar danos à saúde tanto para os mais novos quanto para os mais velhos.
- O estresse é o mesmo para os mais jovens, os mais experientes, os mais antigos na profissão e que ja passaram mais por essa situação - disse Marcelo Martelotte, técnico do Náutico.