sábado, 1 de janeiro de 2011

Modelo x Sistema de jogo

O Modelo e o Sistema de Jogo

Modelo de jogo x Sistema de jogo

O futebol, enquanto jogo tem vindo a sofrer constante evolução. O jogo que está cada vez mais rápido, com menos espaços, e com jogadores cada vez melhores (num panorama global).
Eu diria outra coisa, o futebol está mais complexo e muito mais inteligente, e portanto exige muito mais no aspecto cognitivo da assimilação e acomodação dos processos do próprio jogo. Esta evolução tem resultado na minha opinião, não do aparecimento de novos sistemas mas da evolução de conceitos e modelos, que dão dinâmica e operacionalizam esses mesmos sistemas, modificando-os em função de exigências estratégicas. Nos últimos anos têm-se assistido a modificações extremas e, de certa forma, a rompimentos com conceitos e mitos que se relacionam, acima de tudo, com a metodologia do treino. Desta evolução, emerge um novo conceito que surge como o elemento central na preparação global da equipe, no processo de planificação e periodização do treino, e num aspecto mais amplo, da época desportiva – o modelo do jogo.

O modelo de jogo define-se como o conjunto de princípios (de onde se ramificam os sub-princípios) de comportamento da equipe, que definem a sua organização e lhe conferem uma identidade própria na forma como esta age perante o adversário, tendo em conta os 4 momentos principais do jogo – processo defensivo, transição defesa/ataque, processo ofensivo e transição ataque/defesa. De um modo global o modelo será, então, a forma como o treinador entende que a sua equipa deve jogar, atacando (posicional, contra-ataque…), defendendo (zona pressionante, homem a homem…), transitando entre a posse e a perda de bola (transição rápida, jogo directo, primeiras estações após recuperação, recuperação e equilíbrio defensivo…etc.), e forma de actuar nos esquemas táctico-estratégicos (bolas paradas).

Por outro lado, o sistema de jogo (1x4x4x2, 1x3x5x2…) assume-se como a forma estratégica de disposição dos atletas pelo espaço de jogo. Portanto, sem um modelo que lhe confira princípios, o sistema de jogo é estanque, um mero desenho. Gosto de utilizar a seguinte metáfora: Observemos um jogador de xadrez. A forma como as peças estão colocadas será o nosso sistema, e o cérebro do jogador o modelo. Ao olharmos para as peças conseguimos discernir qual o sistema, mas o modelo é transcendente, são as ideias que estão na cabeça do jogador. Assim, as peças vão sendo mudadas, pela incursão de ideias vindas do modelo, ao passo que o modelo não é mudado pela simples colocação das peças de outra forma. É obvio que não será tanto assim, mas num sentido figurado julgo que entendem o que quero dizer.

Modelo e Sistema de jogo são então dois aspectos diferenciados, ambos importantes e ambos com a sua complexidade. Julgo que o mais importante é ter um modelo de ideias bem definidas, para depois as poder trabalhar com um ou mais sistemas, que favoreçam e se possível, potenciem, as características individuais dos atletas.
Em última análise realço o conceito que julgo mais importante: ser proativo, agir e não apenas reagir, em campo só existe uma bola e ganha quem a souber ter mais tempo e, mais importante ainda e acima de tudo, da forma mais inteligente.

Fonte: Futeboltático.com
Autor Rodrigo Leitão.